sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Estado terá que plantar 1,6 milhão de mudas



O governo do Estado terá que plantar 1,6 milhão de mudas de árvores como parte das compensações ambientais pela construção do Trecho Norte do Rodoanel Mario Covas. Os contratos com as empreiteiras que vão fazer a obra serão assinados hoje, em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. Orçada em R$ 3,9 bilhões, a empreitada deve começar ainda neste mês.

As áreas que vão receber as mudas ainda serão definidas. A expectativa é de que o processo de plantio das mudas demore dois anos.

O ambientalista Carlos Bocuhy, integrante do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), se diz cético quanto aos processos de reflorestamento propostos. Segundo ele, para que uma floresta consiga sobreviver, mantendo sua diversidade original, é preciso congelar e monitorar a área por um período "de 30 a 40 anos".

Marginal Tietê

Construída para compensar os danos ambientais da ampliação da Marginal do Tietê, a estrada-parque da zona leste deveria ser hoje a maior área verde pública de São Paulo, com 23 vezes mais árvores do que o Parque do Ibirapuera, na zona sul. Mas a Dersa, empresa ligada ao governo do Estado e responsável pela via que custou R$ 79 milhões e exigiu o corte de 8.137 árvores, 60% delas nativas, só replantou o mesmo número de espécies retiradas.

Outras 330 mil mudas que deveriam suprimir o impacto do corte feito durante a construção foram compensados com a obra da própria estrada. Os registros oficiais dos cortes, remoções e plantios de mudas estão em pesquisa inédita apresentada na USP e obtida pelo Estado.

A estrada-parque deveria ser uma compensação pelas 717 árvores retiradas para a construção das novas pistas da Marginal e pelos 19 hectares (30 campos de futebol) de solo impermeabilizados. Mas, durante a obra da estrada e de sua ciclovia foram autorizados pela Secretaria Municipal do Verde o corte de mais de 8 mil espécies, mais da metade de árvores nativas como Capororocas, Leucena, Guaçatomba e Quina-do-Mato. A compensação exigida era o replantio de 338.011 mudas, no mesmo local, de espécies nativas.

"Uma falha da lei de compensações é permitir que parte da contrapartida ambiental seja paga em obras. No caso da estrada parque, a própria estrada virou a compensação no lugar de mais de 300 mil mudas. É como se uma empreiteira construísse um prédio e dissesse que a própria obra era uma compensação pelas árvores retiradas", afirmou a pesquisadora Luciana Shwandner Ferreira, da Faculdade de Arquitetura da USP, autora do levantamento.


Fonte: PTALESP

Nenhum comentário:

Postar um comentário