quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Dengue em Rio Preto já supera 2012 inteiro

Agente de saúde procura criadouros do mosquito Aedes aegypti no bairro Conzaga de Campos


Passados apenas 44 dias de 2013, o município de Rio Preto já ultrapassou o número de casos de dengue do ano de 2012. Com 44 novas vítimas confirmadas ontem pela Secretaria Municipal de Saúde, são 464 infectados pelo vírus. Foram 431 confirmações nos doze meses do ano passado. A quantidade de casos com complicação também é maior: seis agora e cinco no ano passado todo.

Os números sinalizam que Rio Preto caminha para epidemia. Segundo os parâmetros do Ministério da Saúde, com 300 casos para cada 100 mil habitantes um município entra em estado de epidemia. Com 416 mil habitantes, Rio Preto chega a essa condição se completar 1.260 casos. Uma das vítimas da doença teve seu estado de saúde agravado no último final de semana. Internado na Santa Casa desde o dia 1º de fevereiro, vítima de dengue com complicação, Milton Marcos Correia de Andrade., 38 anos, morador no bairro Maria Lúcia, foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado grave e respira com a ajuda de aparelhos.

Segue internado também em estado grave no HB de Rio Preto um homem de 52 anos, morador de Populina, que está com dengue. O paciente, que deu entrada no dia 2 deste mês, está entubado e respira com ajuda de aparelhos. Outras cinco vítimas da dengue com complicação, que chegaram a passar por hospitais da cidade receberam alta.

O alto número de casos é consequência da circulação do vírus 4 aliado à combinação de clima quente e chuva, descuido da população dentro de casa e da administração municipal áreas públicas, diz especialista. De acordo com a bióloga Hermione Elly Melara de Campos Bicudo, do Laboratório de Vetores do Departamento de Biologia da Unesp/Ibilce, o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, leva sete dias do ovo até a fase adulta. E cada fêmea põe cerca de 300 ovos.

Além disso, o mosquito se reproduz em pequenos ambientes com água limpa. “É um mosquito que se reproduz com facilidade e nosso clima favorece isso. Quando chega o período de seca, todos descuidam. Então, quando chove, começa a aparecer a doença”, explica. Ainda segundo a bióloga, o Aedes é um mosquito que, além de se reproduzir rápido, se desenvolve com facilidade até em pequenos recipientes, como tampinha de garrafa, cascas de ovos, um pedaço de plástico, desde que estejam com água limpa.

Dificuldade

O coordenador da Vigilância Ambiental de Rio Preto, Abner Henrique de Souza Alves, afirma que a principal dificuldade dos agentes de saúde é eliminar os criadouros na região norte, responsável pela maioria dos casos, que totalizam 233. O bairro com mais vítimas é o Santo Antônio, com 72.

“De uma forma geral existem criadouros em toda a cidade, mas na região norte o número de recipientes e larvas é muito alto. Outra questão é que a maior parte dos casos é do sorotipo 4. E a população não tem imunidade”, explica. Segundo a Secretaria da Saúde, foi iniciado no dia 14 de janeiro um Plano de Contingência da Dengue, que consiste em uma força-tarefa para eliminação de potenciais criadouros do Aedes, nebulização de inseticida e ações isoladas de conscientização da população.

Doente peregrinou por UBS, diz família

A família do paciente Milton Marcos Correia de Andrade afirma que ele passou dez vezes no período de uma semana pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Norte e Santo Antônio antes de ser levado à Santa Casa. Ele está entubado e permanece em estado grave por causa de dengue com complicação.

A irmã dele, a assistente comercial Nilcia Andressa Correia de Andrade, 36 anos, acredita que houve falha de diagnóstico. “Meu irmão estava com febre, dor nas costas e virilha. Foi levado para lá mais de dez vezes e só no penúltimo atendimento fizeram exame de dengue. Ele é usuário de crack e, por causa disso, desfizeram ainda mais dele”, diz.

A Secretaria de Saúde informou que vai apurar o atendimento prestado ao paciente, bem como prontuários médicos e os profissionais que o atenderam. A secretaria informou ao Ministério Público ter constatado indícios de irregularidades na conduta médica em 14 dos 27 pacientes que morreram depois de peregrinar várias vezes por unidades de saúde do município entre janeiro de 2009 e agosto do ano passado. Os 14 casos foram encaminhados ao Conselho Regional de Medicina (Cremesp), que instaurou sindicâncias para cada episódio.





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