terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Traficantes farão Culto Evangélico para Deus abençoar União de Criminosos

Criminosos que fizeram churrasco por pacto de matança de policiais, agora programam culto para abençoar união da delinquência.


A ousadia dos traficantes do bairro de Mãe Luiza, na zona Leste de Natal, surpreende a cada dia. Depois de fazerem um pacto para matar policiais militares e marcarem um churrasco de confraternização para este final de semana - em um endereço ainda não divulgado -, chegou à Polícia Militar agora que eles pretendem fazer, nesta sexta-feira (17), um Culto Evangélico para “abençoar" a união dos criminosos da região.

 A informação foi confirmada por policiais militares e teria chegado à PM através de denúncias anônimas. Os traficantes estariam marcando para realizar o culto por volta das 20h, na praça pública localizada na rua João 23 - uma das mais movimentadas do bairro. Os traficantes estão unidos desde a semana passada e juraram de morte quatro policiais, sendo três deles militares e um agente da Polícia Civil da 4ª Delegacia de Polícia de Mãe Luiza.

O acordo entre os traficantes para expulsar as policiais do bairro estaria sendo costurado por "Itamar Roniclei", um detento da penitenciária estadual de Parnamirim, na Grande Natal, e que teria sido preso por tráfico de drogas. "Ele é um dos líderes do tráfico na região e era parceiro de 'Léo Cobra', que já morreu. Itamar Roniclei, mesmo preso, estaria mantendo contato com as diversas gangues de Mãe Luiza e acertando essa aliança", afirmou um dos policiais militares ameaçados pelo bandidos - nome preservado.


Um dos ameaçados de morte pelos traficantes, o soldado Geraldo Ferreira da Lima, policial há 21 anos, afirmou não temer as ameaças, além de não dar crédito a elas. “Quando avisam assim, é porque não tem muita coragem. O que faz medo mesmo são aquelas pessoas que chegam de forma silenciosa. Aquelas sim têm coragem de atirar”, afirmou o policial.

A informação de que os bandidos, depois de unidos, estariam se preparando para matar os policiais, foi transmitida pela Inteligência da Polícia Militar e repassada aos policiais militares pelo comando do 1º Batalhão, onde são lotados. Os supostos ameaçados são o soldado Geraldo, o sargento Aristeles, um agente da Polícia Civil que não quis se identificar e mais um outro PM que também pediu para ter o nome preservado.



Com informações Tribuna do Norte

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Rafael Lazarini destaque e promessa de futuro no Atletismo!


Jales ganhou uma única medalha na 74ª edição dos Jogos Abertos do Interior, realizada em Santos, de 4 a 14 de novembro, e o aluno do 2º ano do Curso de Educação Física da Unijales, Rafael Lazarini, foi quem a conquistou. A última vez que a cidade conseguiu uma medalha de ouro em Jogos Abertos foi na década de 90 com o time de basquete masculino.
Rafael que começou a treinar somente há dois meses, faturou o 1º lugar nos 100 metros rasos, ficando na frente de atletas de Campinas e de Itu. E no geral, Rafa ficou em 2º lugar com o tempo de 10s70. Aos 24 anos e treinando com a ajuda de Aristides de Andrade Junqueira Neto, renomado profissional que já fez parte da equipe brasileira em competições no exterior, pan-americanos e até em Olimpíadas, Lazarini viajava uma vez por semana a São José do Rio Preto para encontrar-se com Aristides e receber instruções e informações para, sozinho, treinar em Jales nas pistas do estádio municipal e do Jales Clube. E foi sem apoio, sem treinos diários e custeando as próprias viagens que competiu ao lado de Jadel Gregório e Nilson André, alguns atletas de elite do Brasil.

Histórico de campeão

Quando criança Rafael já corria na escola. Mais tarde morou fora do país e ao regressar a Jales inaugurou a Academia Boa Forma, da qual ainda é proprietário. Iniciou o Curso de Educação Física e sempre apoiado pelo professor Geraldo Barrientos dos Santos Junior, que percebendo a afinidade do jovem com o atletismo, teve a antiga paixão pela corrida despertada. “Foi no curso que voltei a correr e em 2009 fui para os Jogos Regionais de Votuporanga, ganhei medalha, mas Jales não foi para os Abertos”, lembra Lazarini.
Em 2010, realizou um teste e foi aceito no Clube de Atletismo de São José do Rio Preto. Participou dos Jogos Regionais em Ilha Solteira, novamente classificou-se e foi para Santos no início deste mês para mostrar a todo estado de São Paulo que tem talento e profissionalismo, pois dois meses, para muitos, é pouco para treinar.
E não é somente na determinação que Rafael surpreende, os números também são impressionantes: ele teve que desbancar dezenas de corredores para chegar a Santos, inclusive o irmão Paulo que também corre. Depois, já no litoral, três baterias com 8 competidores em cada uma totalizou o número de adversários que o jalesense teve que ultrapassar. “Não acreditava que tinha vencido, fiquei emocionado e chorei no pódio”, orgulha-se. 

Corrida rumo ao futuro

Como todo atleta, Rafael Lazarini tem sonhos: quer representar o Brasil em provas importantes como as Olimpíadas. “No revezamento quatro por 100 metros é necessário ter corredores de reservas, portanto quero fazer parte desse grupo”, idealiza.
Para começar, transferirá a faculdade e os seus objetivos para São José do Rio Preto ainda este ano porque terá que correr muito até março de 2011 quando iniciam as competições da Federação Paulista de Atletismo. Rafael também já começou a receber propostas de alguns clubes do interior de São Paulo... Com certeza as primeiras de muitas que virão. 

 Fonte: www.unijales.edu.br

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Malafaia, R.R. Soares e Edir Macedo disputam compra de espaço no SBT



Ao menos três igrejas evangélicas fizeram nas últimas 48 horas ofertas para comprar horário na madrugada do SBT. Por meio de sua assessoria, o SBT diz que "não são novas as ofertas (de igrejas), mas até o momento não surgiu nenhuma proposta que tenha interessado", confirmando negociações.

Duas delas disputam a atenção: o ministério do pastor Silas Malafaia e a Igreja Internacional da Graça de R.R.Soares. Emissários de Soares teriam oferecido R$ 10 milhões por mês por cinco horas diárias.

No primeiro trimestre de 2009 Soares já havia ofertado a Silvio Santos R$ 5 milhões por três horas, mas a emissora recusou. A Universal de Edir Macedo, que é cunhado de R.R.Soares, também sinalizou a Silvio com novas ofertas ontem.

A assessoria do SBT não quis comentar as negociações. Por enquanto, é a única TV aberta sem qualquer programação religiosa (até a Globo tem a "Santa Missa" católica).

AUDIÊNCIA

A eventual locação dessa faixa horária também pesará muito porque a madrugada é a única faixa horária em que o SBT encosta ou fica em 1º lugar no ibope.

Ontem, por exemplo, entre as 5h e as 6h, o SBT foi líder em São Paulo com 3,7 pontos -à frente de Globo (2,9) e Record (1,7). Vender isso seria matar também esse último orgulho do empresário e apresentador.

Em compensação, entre a 0h e as 4h o ibope do SBT é fraco e a emissora quase sempre fica em 3º lugar, atrás da programação religiosa da Record. Vender essa faixa horária não significaria portanto grande prejuízo para a audiência.

Em setembro último, Silvio revelou a um amigo que já pensava se aposentar do vídeo no final deste ano. Aos 80 anos (no próximo dia 12), ele se queixou de cansaço e do desgaste provocado pela guerra do ibope.

Guerra que nos últimos três anos fez o SBT perder não só a vice-liderança mas inúmeros profissionais para a Record, da área técnica e da artística, como sua mais famosa "cria": Gugu Liberato.



Com informações Folha / SRZD / Portal Imprensa / O galileo

Seleção Feminina Goleia ARGENTINA!




No mesmo dia em que a Seleção Brasileira, com Ronaldinho Gaúcho de volta, foi derrotada no Qatar pela Argentina de Messi, a seleção brasileira de Marta goleou as argentinas, por 4 a 0, na estreia de ambas as equipes na fase final do Campeonato Sul-Americano feminino, disputado no Equador. A partida foi disputada na cidade de Latacunga, que fica a 90 quilômetros ao sul de Quito.

Os gols foram marcados por Graziele, aos 25 minutos, e Rosana, aos 37 minutos, ambos no primeiro tempo; Marta, aos 18 minutos, e Cristiane, aos 32 minutos, os dois na etapa complementar.

- Tivemos uma atuação muito boa, conseguindo neutralizar as principais ações ofensivas das argentinas, marcando forte, criando oportunidades no ataque e fazendo os gols. O time conseguiu superar o desgaste, já que atuamos na terceira sede diferente neste Sul-Americano, sem falar nos efeitos da altitude - disse o técnico da seleção brasileira, Kleiton Lima.
O Sul-Americano é classificatória para a Copa do Mundo de 2011 na Alemanha e para os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

No outro jogo da rodada inicial, Chile e Colômbia ficaram no empate, por 1 a 1. A segunda partida do Brasil nesta fase final está marcada para sexta-feira, contra a Colômbia, também em Latacunga, às 22h (de Brasília). No domingo, as brasileiras encerram sua participação na competição contra as chilenas.

Ronaldinho feliz pelo retorno, mas triste pela derrota para a Argentina



O atacante Ronaldinho Gaúcho comemorou o seu retorno à Seleção Brasileira na derrota por 1 a 0 para a Argentina, nesta quarta-feira, em Doha, no Qatar. Apesar da boa atuação, o camisa 10 lamentou o tropeço diante dos hermanos e o gol sofrido nos últimos minutos do confronto.
- A gente fica triste pelo resultado. Mas a equipe teve pouco tempo para treinar, como sempre é com a Seleção. Fico feliz por ter voltado, mas triste pela derrota - afirmou o meia.
Ronaldinho lamentou o desgaste no segundo tempo. Pelo Milan, a última partida do jogador aconteceu no dia 7 de novembro. De lá para cá, a sua equipe enfrentou Inter de Milão, Palermo e Bari e ele sequer foi utilizado. Na opinião do jogador, a ausência nos últimos compromissos do time rossonero o prejudicou nesta quarta-feira.
- Fiquei alguns jogos sem atuar no Milan e dei uma caída no segundo tempo por conta disso. Vou continuar jogando bem no Milan para voltar em outras oportunidades. Procurei fazer o que ele pediu. Tive a chance de criar algumas jogadas e vou tentar dar continuidade - disse Ronaldinho.
No fim do jogo, Ronaldinho trocou de camisa com Lionel Messi, seu ex-companheiro no Barcelona. O jogador brasileiro elogiou o argentino.
- É um grande jogador e teve a felicidade de fazer o gol no último jogo da partida - afirmou.
A próxima convocação da Seleção Brasileira vai acontecer no final de janeiro. O time comandado por Mano Menezes vai enfrentar a Argentina, no dia 2 de fevereiro, em Paris.

Fonte: www.globoesporte.com

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Grandeza de ânimo

     Por: D. Demétrio Valentini

A hora é de magnanimidade. O momento é de respeitar, relevar, e perdoar. Todos convidados para a grandeza de ânimo.

Publicados os resultados das eleições, urge festejar a democracia. Por mais frágil que tenha se mostrado durante a campanha, ela acabou se fortalecendo com esta eleição. Podemos fortificá-la mais ainda, se soubermos levar adiante as muitas lições que esta campanha nos deixa.
Quem dá o exemplo é Dilma Rousseff, a candidata eleita Presidente do Brasil. Em seu discurso de domingo à noite, logo após a publicação dos resultados, disse textualmente: “ Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles”.
Estas palavras têm mais força do que todas as injúrias e difamações que a candidata recebeu durante a campanha. Tornam ainda mais expressiva sua vitória.
A nobre atitude do perdão, precisa vir acompanhada da lúcida constatação dos fatos, e dos desafios que eles nos apresentam.
Na verdade, a candidata Dilma Rousseff precisou enfrentar uma avalanche enorme de obstáculos, desencadeados sobretudo pela carga de preconceitos, cuja virulência surpreendeu, e mostrou quanto a sociedade brasileira ainda está impregnada de resíduos tóxicos da ditadura militar.
O fato de uma candidata ter sido vítima da truculência do regime ditatorial, em vez de servir de oportunidade para lavar a honra de todos os que foram presos arbitrariamente pela ditadura, acabou dando o pretexto para muitos se acharem no direito de vestirem a carapuça de torturadores, e descarregarem sobre a candidata o ódio destilado nos porões do regime militar.
Esta pesada constatação nos coloca um grande desafio. Muitos assim pensam e fazem sem terem culpa das motivações equivocadas que movem seus preconceitos. Não sabem o que foi a ditadura militar. A anistia foi pactuada. Mas de novo se comprova que ela não pode prescindir da memória histórica, que precisa ser cultivada e trabalhada, para que toda a sociedade, conscientemente, erradique no seu nascedouro as sementes da ditadura, que foram plantadas com eficácia pelo regime militar. Caso contrário, elas continuam germinando, e produzindo seus frutos maléficos. A Escola precisa ensinar a verdadeira história da ditadura militar.
Este trabalho só pode ser feito com sucesso, se vier acompanhado da garantia do perdão e da superação de todo e qualquer tipo de vingança. De novo, as circunstâncias apelam para a grandeza de ânimo, que não significa timidez ou subserviência.
O exercício da cidadania, em tempos de campanha eleitoral, precisa levar em conta as circunstâncias de cada um. O que se pede de todos é o voto. Mas existe largo espaço de atuação, visando fornecer critérios para o discernimento dos eleitores.
Atendendo ao apelo de minha consciência, também procurei dar minha pequena contribuição. Agradeço as milhares de manifestações, públicas ou particulares, que expressaram sua concordância com as ponderações que fui fazendo cada semana, ao longo da campanha. Agradeço também aos que sensatamente ponderaram suas divergências, às quais procurei responder com respeito e atenção.
Por outro lado, recebi também algumas furiosas contestações, e alguns ataques de caráter pessoal, carregados de ódio, e revestidos da presunção de seus autores de se julgarem os justiceiros da ira divina, para condenarem ao inferno todos os seus desafetos.
Pela exorbitância de suas acusações, devo avisá-los que mereceram destino menos solene que o inferno. De modo que ainda podem contar com meu perdão.
Além do mais, não me preocupo com julgamentos humanos. Como Davi, também prefiro mil vezes cair nas mãos de Deus, do que ser julgado pela justiça humana.
Mas o resultado dessas eleições nos convida a tirar muitas outras lições, que, estas sim, nos motivam a deixar de lado condenações ou represálias, e contribuir com tudo o que estiver ao nosso alcance para levar em frente a nobre tarefa de construirmos juntos um Brasil justo e solidário.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Dilma derrota o atraso e é eleita a primeira mulher presidente do Brasil!



Dilma Rousseff, do PT, foi eleita neste domingo (31) a primeira mulher presidente da República do Brasil.
Com 100% das urnas apuradas, ela alcançou 55.752.092  milhões de votos, ou 56,05% do total. José Serra (PSDB), candidato da oposição, soma 43.710.422 milhões milhões de votos (43,95%).

A finalização dos votos está prevista ainda para este domingo. Abstiveram-se 21,3% do total – 3,2 pontos percentuais a mais do que no primeiro turno, quando 18,1% deixaram de comparecer às urnas. Votaram em branco 2,3% e nulo 4,4%.
Com a confirmação, Dilma Rousseff torna-se a primeira mulher eleita para ocupar a Presidência do Brasil. Ela deve assumir o cargo em 1º de janeiro.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Eleitor indeciso, faça sua reflexão !

 
 
 
Serve e muito, para os que já decidiram também:

Esta mensagem é dedicada a você, eleitor consciente e crítico, cujo voto é fundamentado em argumentos, que ainda está indeciso.

Ela é dividida em tópicos para facilitar: você pode ir direto onde lhe interessa.

Tudo o que será exposto nesta mensagem terá dados e respectivas fontes (clique nos links), diferentemente de tantos spams eleitorais e correntes apócrifas que surgem por aí.

Se você discordar de algo - o que é perfeitamente legítimo - o debate poderá se dar em cima de evidências, em vez de boatos e achismos.

Os argumentos defendidos são:

Tópico 1: Não é verdade que houve "aparelhamento da máquina administrativa" na Era Lula;

Tópico 2: Não é verdade que "houve mais corrupção no governo Lula"; pelo contrário, os últimos 8 anos foram marcados por um combate inédito a esse mal;

Tópico 3: Não é verdade que "a economia foi bem no governo Lula só porque este não mudou a política econômica de FHC";

Tópico 4: Não é verdade que o governo Lula "enfraqueceu as instituições democráticas"; pelo contrário, hoje elas são muito mais vibrantes e sólidas;

Tópico 5: A campanha de José Serra é baseada nas fanáticas campanhas da direita norte-americana, daí o perigo de referendá-la com seu voto.
 
Boa leitura e boa reflexão: e um desejo para que a campanha, doravante, seja marcada pelo debate de projetos de país, propostas concretas e dados, não por calúnias, boatos e achismos.


Tópico 1: Não é verdade que houve "aparelhamento da máquina administrativa" na Era Lula;
Você já deve ter ouvido por aí, tantas vezes, que o PT e o governo Lula "aparelharam o Estado", usando dos cargos em comissão para empregar amigos, apaniguados e militantes, certo?

Pois bem, então lhe perguntamos: quantos são esses cargos em comissão no Poder Executivo federal? São 200 mil, 80 mil, 20 mil? Você faz ideia de qual é esse número preciso?

Primeiramente, acesse este documento aqui: o Boletim Estatístico de Pessoal do Ministério do Planejamento, última edição, de julho deste ano.

Vejamos: na página 33, você pode ver que há hoje, no Executivo federal, um total de 570 mil servidores civis na ativa.

Os ocupantes de DAS (cargos de direção e assessoramento superior) são 21,6 mil (página 107).

Porém, os de recrutamento amplo, ou seja, aqueles que foram nomeados sem concurso, sem vínculo prévio com a administração, são quase 6 mil (página 109), ou pouco mais de 1% do total de servidores civis. Se você considerar apenas os cargos que são efetivamente de chefia (DAS 4, 5 e 6), não chegam a mil e quinhentos.

Parece bem menos do que se diz por aí, não é mesmo? Agora vamos lá: para que servem esses cargos? Não custa dizer o óbvio: em democracias contemporâneas, o grupo que ganha o poder via eleições imprime ao Estado as suas orientações políticas. Em alguns países, o número de comissionados é maior (caso dos EUA); em outros, menor (como na Inglaterra). É natural que seja assim.

O que dizem os estudos internacionais sérios sobre a máquina administrativa brasileira? Vá aqui e baixe um estudo da OCDE sobre o tema. No Sumário Executivo, você verá que o Brasil não tem servidores públicos em excesso, embora o contingente de servidores esteja em expansão e ficando mais caro; que há necessidade de servidores sim, para atender às crescentes demandas sociais; que uma boa gestão de RH é essencial para que isso se concretize; e que o governo federal deve ser elogiado pelos seus esforços em construir um funcionalismo pautado pelo mérito.

Vamos então falar de meritocracia? O que importa é que o governo Lula perseguiu uma política de realização de concursos e de valorização do servidor público concursado sem precedentes. Basicamente, com os novos concursos, a força de trabalho no serviço público federal retomou o mesmo patamar quantitativo de 1997. A maior parte dos cargos criados pelo PT, porém, foi para a área de educação: para as universidades e institutos técnicos já existentes ou que foram criados. Volte no Boletim Estatístico e veja a página 90, sobre as nov as contratações em educação. Houve muitos concursos para Polícia Federal e advocacia pública, além de outras áreas essenciais para o bom funcionamento do Estado.

O governo Lula regulamentou os concursos na área federal (veja os arts.10 a 19 deste Decreto), recompôs as carreiras do ciclo de gestão, dotou as agências reguladoras de técnicos concursados (veja a página 92 do Boletim Estatístico), sendo que nos tempos de Fernando Henrique, elas estavam ocupadas por servidores ilegalmente nomeados.

E então? você ainda acha que houve inchaço da máquina pública? Dê uma olhada nos dados deste estudo aqui.

E os tucanos, que alegam serem exímios na gestão pública? O que têm para mostrar?

Nos tempos de FHC, o contingenciamento levou à sistemática não realização de concursos. Para atender às demandas de serviço, a Esplanada nos Ministérios se encheu de terceirizados, temporários e contratados via organismos internacionais, de forma ilegal e irregular. Eram dezenas de milhares deles. Em 2002, apenas 30 servidores efetivos foram nomeados! O governo Lula teve de reverter isso, daí a realização de tantos concursos públicos.

Você sabia? O Estado de São Paulo, governado por José Serra, tem proporcionalmente mais ocupantes de cargos em comissão por habitante do que o governo federal.

E os técnicos, concursados, como são tratados por lá? Bem, eles não estão muito felizes com o Serra não.

Talvez porque as práticas que o PSDB mais condena no governo federal sejam justamente aquelas que eles praticam no governo estadual...



Tópico 2: Não é verdade que "houve mais corrupção no governo Lula do que no FHC"; pelo contrário, os últimos 8 anos foram marcados por um combate inédito a esse mal;

Muitos eleitores revelam a sua insatisfação com o governo Lula enumerando casos como o mensalão, as sanguessugas, Erenice Guerra, Waldomiro Diniz, Correios. Porém, uma memória que não seja curta pode se lembrar de casos como SUDAM, SUDENE, Anões do Orçamento, mensalão da reeleição, SIVAM, etc, para ponderar que mais do que exclusividade deste ou daquele governo, escândalos de corrupção são um mal da nossa cultura política.

Cientistas sociais sabem que é muito difícil "medir" a corrupção. Como a maior parte dela nunca vem à tona, não chega a ser descoberta, noticiada e investigada, nunca se tem uma noção clara do quanto um governo é realmente corrupto. O que importa, então, é o que um governo faz para combater essa corrupção. E nisso, o governo Lula fica muito bem na fita.

Vamos começar pela Polícia Federal. Logo no início do governo, foi feita uma limpeza no órgão (até a revista Veja chegou a publicar uma elogiosa reportagem de capa). Desde então, foram realizados uma série de megaoperações contra corruptos, traficantes de drogas, máfias de lavagem de dinheiro, criminosos da Internet e do colarinho branco (veja uma relação dessas operações aqui). Só em 2009, foram 281 operações e 2,6 mil presos. Desde 2003, foram quase dois mil servidores públicos corruptos presos. Quem compara os números não pode negar que a PF de FHC não agia, e que a PF de Lula tem uma atuação exemplar.

E a Controladoria-Geral da União? Inicialmente, FHC criou a tímida Corregedoria-Geral da União. Foi Lula que, a partir de 2003, realizou concursos públicos para o órgão e expandiu sua atuação. Hoje, a CGU é peça-chave no combate à corrupção. Graças ao seu trabalho, quase 3 mil servidores corruptos já foram expulsos. A CGU contribuiu no combate ao nepotismo e zela pelo emprego das verbas federais via sorteios de fiscalização. E o Portal da Transparência, você conhece? Aquele "escândalo" do mau uso dos cartões corporativos só apareceu na imprensa porque todos os gastos das autoridades estavam acessíveis a um clique do mouse na Internet.

Vamos ficar nesses casos, mas poderíamos citar muitos outros: o fortalecimento do TCU como órgão de controle, um Procurador-Geral da República que não tem medo de peitar o governo (o do FHC era chamado de "engavetador-geral da República", lembra-se?), o Decreto contra o nepotismo no Executivo Federal. Numa expressão, foi o governo Lula quem "abriu a tampa do esgoto".

Se uma pessoa acreditar menos numa mídia que é claramente parcial, e mais nas evidências, a frase "o governo Lula foi o mais republicano da nossa história" deixará de parecer absurda. Que tal abrir a cabeça para isso?


Tópico 3: Não é verdade que "a economia foi bem no governo Lula só porque este não mudou a política econômica de FHC";
Quando se fala em política macroeconômica implantada por FHC, refere-se geralmente ao tripé câmbio flutuante, regime de metas de inflação e superávit primário. Vamos poupar o leitor do economês: basicamente, o preço do real em relação ao dólar não é fixo, flutuando livremente; o Banco Central administra os juros para manter a inflação dentro de um patamar; e busca-se bons resultados nas transações com o exterior para pagar as contas do governo.

Nem sempre foi assim, nem mesmo no governo FHC: até 1998, o câmbio era fixo. Todo mundo se lembra que, em janeiro de 1999, o dólar, que valia pouco mais de um real, valorizou subitamente para quatro reais. Talvez não se lembre que isso ocorreu porque FHC tinha mantido artificialmente o câmbio fixo durante 1998, para ganhar a sua reeleição - que teve um custo altíssimo para o país - e logo depois, vitorioso, mudou o regime cambial (no que ficou conhecido como "populismo cambial"). O regime de metas de inflação foi adotado só depois disso. Ou seja, FHC não só não adotou uma mesma política macroeconômica o tempo em que esteve no Planalto, como também deu um "cavalo-de-pau" na economia, que jogou o Brasil nos braços do FMI, para ser reeleito.

Que política macroeconômica de FHC então é essa, tão "genial", que o Lula teria mantido? A estabilidade foi mantida, sim, e a implementação do Plano Real pode ser atribuída ao governo FHC (embora Itamar Franco, hoje apoiador de Serra, discorde disso).

Mas Lula fez muito mais do que isso. A inflação não voltou: as taxas de inflação foram mantidas, entre 2003 e 2008, num patamar inferior ao do governo anterior. E com uma diferença: a estagnação econômica foi substituída por taxas de crescimento econômico bem maiores, com redução da dívida pública.

A alta do preço das commodities no mercado externo favoreceu esse quadro (reduzindo a inflação de custos), mas não foi tudo. O crescimento da economia também foi favorecido pelo crescente acesso ao crédito: em 2003, foi criado o crédito consignado, para o consumo de massa de pessoas físicas - e deu certo, puxando o crescimento do PIB ; o BNDES se tornou um agente importantíssimo na concessão de crédito de longo prazo (veja esta tabela), induzindo outros bancos a paulatinamente fazerem o mesmo.

Os aumentos reais do salário mínimo e os benefícios do Bolsa Família foram decisivos para uma queda da desigualdade social igual não se via há mais de 40 anos: foi a ascensão da classe C.

Isso tudo é inovação em relação à política econômica de FHC.

E quando bateu a crise? Aí o governo Lula foi exemplar. Ao aumentar as reservas em dólar desde o princípio do governo, dotou o país de um colchão de resistência essencial. Os aumentos reais do salário mínimo e o bolsa família possibilitaram que o consumo não se retraísse e a economia não parasse - o mercado interno segurou as pontas enquanto a crise batia lá fora. E, seguindo o receituário keynesiano - num momento em que os economistas tucanos sugeriam o contrário - aumentou os gastos do governo como forma de conter o ciclo de crise. Deu certo. E a receita do nosso país virou motivo de admiração lá fora.

No meio da pior crise global desde a de 1929, o Brasil conseguiu criar milhões de empregos formais. Provamos que é possível crescer, num momento de crise, respeitando direitos trabalhistas, sendo que a agenda do PSDB era flexibilizá-los para, supostamente, crescer.

Você ainda acha que tucanos são ótimos de economia e petistas são meros imitões?

Então vamos ao argumento mais poderoso: imagens valem como mil palavras.

Dedique alguns minutos a este vídeo, e depois veja se você estaria feliz se Serra fosse presidente quando a crise de 2008/2009 tomou o Brasil de assalto.

Se você tem mais interesse nessa discussão, baixe este documento aqui e veja como andam os indicadores econômicos do Brasil neste período de crescimento, inflação baixa e geração de empregos.



Tópico 4: Não é verdade que o governo Lula "enfraqueceu as instituições democráticas"; pelo contrário, hoje elas são muito mais vibrantes e sólidas;
Mostramos no tópico 2 que os órgãos de controle e combate à corrupção se fortaleceram no governo Lula. Além deles, os outros Poderes continuaram sendo independentes do Executivo. O Legislativo não deixou de ser espaço de oposição ao governo (que Arthur Virgílio não me deixe mentir), e lhe impôs ao menos uma derrota importante. O Judiciário... bem, além de impor ao governo derrotas, como no caso da Lei de Anistia, está no momento julgando o caso do mensalão, o que dispensa maiores comentários.

E a imprensa? Ela foi silenciada, calada, em algum momento? Uma imagem vale por mil palavras - clique aqui.

O que se vê, na verdade, é o oposto. Foi o Estadão, que se diz guardião da liberdade, quem censurou uma articulista por escrever este texto, favorável ao voto em Dilma.

Neste vídeo, uma discussão sobre as verdadeiras ameaças à liberdade de expressão.

Sobre democracia, é impossível não abordar um tema que foi tratado à exaustão neste ano de 2010: o terceiro Plano Nacional dos Direitos Humanos, PNDH-3.

Muito se escreveu sobre seu caráter "autoritário", sobre a "ameaça" que ele representaria à democracia. Pouco se escreveu sobre o fato de ele ser não uma lei, mas um Decreto do Poder Executivo, incapaz, portanto, de gerar obrigações em relação a terceiros. Não se falou que se tratava de uma compilação de futuros projetos de governo, que teriam que passar pelo crivo do Poder Legislativo. Não foi mencionado que ele não partiu do governo, mas de uma Conferência Nacional, que reuniu os setores da sociedade civil ligados ao tema. E pior, a imprensa deliberadamente omitiu que seus pontos polêmicos já estavam presentes nos Planos de Direitos Humanos lançados no governo FHC.

Duvida? Leia este texto e este aqui. Ou ainda, veja com seus próprios olhos: neste link, os três PNDH's.

Olha lá, por exemplo, a temática do aborto no PNDH-2, de 2002 (itens 179 e 334).

Por fim: você realmente acha que um governo que traz a sociedade civil para discutir em Conferências Nacionais, para, a partir delas, formular políticas públicas, é antidemocrático? Pense nisso.



Tópico 5: A campanha de José Serra é baseada nas fanáticas campanhas da direita norte-americana, daí o perigo de referendá-la com seu voto.
Quem acompanhou as eleições de 2004 e 2008 para a Presidência dos Estados Unidos sabe quais golpes baixos o Partido Republicano - aquele mesmo, conservador, belicista, ultrarreligioso - utilizou para tentar desqualificar os candidatos do Partido Democrata. Em 2004, John Kerry foi pintado como o "flip flop", o "duas caras". Em 2008, lançaram-se dúvidas sobre a origem de Obama: questionaram se ele era mesmo americano, ou se era muçulmano, etc. Em comum, uma campanha marcada pelo ódio, pela boataria na Internet, pela disseminação do medo contra o suposto comunismo dos candidatos da esquerda e a ameaça que representariam à democracia e aos valores cristãos.

Você nota aí alguma coincidência com a campanha de José Serra, a partir de meados de setembro de 2010?

Não?

Então vamos compilar algumas acusações, boatos e promessas que surgiram nas ruas, na internet, na televisão e nos jornais, com o objetivo de desconstruir a imagem da candidata adversária, ao mesmo tempo em que tentam atrair votos com base em mentiras e oportunismo.

Campanha terceirizada:
Panfletos pregados em periferias associaram a candidatura de Dilma a tudo o que, na ótica conservadora, ameaça a família e os bons costumes;
Panfletos distribuídos de forma apócrifa disseram que Dilma é assassina, terrorista e bandida, com argumentos dignos da época da Guerra Fria;
E você acha que isso foi iniciativa isolada de apoiadores, sem vínculo com o comando central da campanha? Sinto lhe informar, mas não é o caso: é o PSDB mesmo que financiou e fomentou esse tipo de campanha de baixo nível.

Oportunismo religioso:
- José Serra distribuiu panfletos em igrejas, associando seu nome a Jesus Cristo;
- José Serra pagou campanhas de telemarketing para associar o nome de Dilma ao aborto;
- Até hino em igreja evangélica o Serra cantou;
- José Serra começou a ir a missas constantemente, de forma tão descarada que chamou atenção dos fiéis;

Promessas de campanha oportunistas:
- O PSDB criticou o Bolsa Família durante boa parte do governo Lula; mas agora, José Serra propõe o 13º do Bolsa Família;
- O PSDB defende a bandeira da austeridade fiscal e da contenção dos gastos públicos - foi no governo FHC que se criou o "fator previdenciário"; mas para angariar votos, Serra prometeu um salário mínimo de 600 reais e reajuste de 10% para os aposentados;
- O PSDB criticou o excesso de Ministérios criados por Lula, mas nesta campanha, Serra já falou que vai criar mais Ministérios;
- O DEM do vice de Serra ajuizou ação no STF contra o ProUni, mas agora diz que defende o programa;
- O PSDB se pintou de verde para atrair os eleitores de Marina no 1º turno, mas é justamente o partido de preferência da bancada ruralista e dos desmatadores da Amazônia;

Incoerência nas acusações:
- Serra acusou a Dilma de ser duas caras, mas ele mesmo entrou em contradição sobre suas relações com o assessor Paulo Preto; Video
- Serra tentou tirar votos de Dilma dizendo que ela era favorável ao aborto, sendo que ele, como Ministro, regulamentou a prática no SUS;
- Mônica Serra chamou Dilma de "assassina de crianças", sendo que ela mesma já teve que promover um aborto;
- José Serra nega que seja privatista, mas já foi defensor das privatizações, tendo o governo FHC a deixado a Petrobras em frangalhos;
- Serra acusa Dilma de esconder seu passado, mas ele mesmo esconde muita coisa;
- A campanha de Serra lança dúvidas sobre o passado de resistência de Dilma, mas omite que dois dos seus principais apoiadores, Fernando Gabeira e Aloysio Nunes Ferreira, pegaram em armas na resistência contra a ditadura, e que ele, Serra, também militou numa organização do tipo;
- Serra associa Dilma a figuras controversas como Renan Calheiros, Fernando Collor e José Sarney, mas esconde o casal Roriz, Roberto Jefferson, Paulo Maluf, ACM Neto, Orestes Quércia e outros apoiadores nada abonadores. Aliás, antes do Indio da Costa (que aliás pertence a uma família de tutti buona gente), quem era cotado para vice dele era o Arruda, do mensalão do DEM, lembra-se?

Isso sem citar os boatos que circulam nas ruas, nos ônibus, nas conversas de bar e entre taxistas.

E então: você ainda acha que a campanha de Serra é propositiva, digna, limpa? Um candidato que se vale de expedientes tão sujos para chegar ao poder merece o seu voto?



Por fim: então por que votar em Dilma Rousseff?

Se você está disposto a dar uma chance para Dilma nestas eleições e quer saber bons motivos para tanto, remetemos aos três textos abaixo.

http://napraticaateoriaeoutra.org/?p=7171

http://www.amalgama.blog.br/10/2010/para-voce-que-nao-votou-na-dilma/ (especialmente para quem votou em Marina no 1º turno)

http://www.revistaforum.com.br/blog/2010/10/10/frei-betto-dilma-e-a-fe-crista/ (se você acha que a questão religiosa importa, quando bem utilizada no debate eleitoral)

Boa leitura e boa reflexão: e um desejo para que a campanha, doravante, seja marcada pelo debate de projetos de país, propostas concretas e dados, não por calúnias, boatos e achismos.

fonte: MobilizaçãoBR

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

DILMA E A FÉ CRISTÃ




                                                                                    Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência.
     Anos depois, Dilma e eu nos encontramos no Presídio Tiradentes, em São Paulo. Ela na ala feminina, eu na masculina, com a vantagem de, como frade, obter permissão para, aos domingos, monitorar celebração litúrgica na Torre, como era conhecido o espaço que abrigava as presas políticas.
 Aluna de colégio religioso na juventude, dirigido pelas freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava ativamente de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de “marxista ateia”. Aliás, raros os presos políticos que professavam convictamente o ateísmo. Nossos torturadores, sim, o faziam escancaradamente ao profanarem, com toda violência, os templos vivos de Deus: suas vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
     Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula.
     De nossa amizade posso assegurar que não passa de campanha difamatória – diria mesmo, terrorista – acusar Dilma Rousseff d e “abortista” ou contrária aos princípios evangélicos. Se um ou outro bispo critica Dilma, há que lembrar que, por ser bispo, nenhum homem é santo.
     Poucos bispos na América Latina apoiaram ditaduras militares, absolveram torturadores, celebraram missa na capela de Pinochet... Bispos também mentem e, por isso, devem, como todo cristão, orar diariamente “perdoai as nossas ofensas...”
     Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica. Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que “a árvore se conhece pelos frutos”, como acentua o Evangelho. É na coe rência de suas ações, na ética de seus procedimentos políticos, na dedicação ao povo brasileiro, que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.
     Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: que, se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria sítios e fazendas produtivos; implantaria o socialismo por decreto...
     Passados quase oito anos, o que vemos? Vemos um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
     Nas breves semanas que nos separam hoje do segundo turno, forças de oposição ao governo Lula haverão de fazer eco a todo tipo de boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em toda a trajetória de Dilma, em tudo que ela realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
     Certa vez, relata o evangelista Mateus, indagaram de Jesus quem haveria de se salvar. Para surpresa dos que o interrogaram, ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem disse que seriam aqueles que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem disse que seriam aqueles que se julgam donos da doutrina cristã e se arvoram em juízes de seus semelhantes.
     A resposta de Jesus surpreendeu-os: “Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; nu e me vestistes; oprimido, e me libertastes...” (Mateus 25, 31-46)
     Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos uma vida digna e feliz.
     Isso o governo Lula tem feito, segundo opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.


Frei Betto é escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros - www.freibetto.org 

twitter:@freibetto

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Desmonte de uma falácia









D. DEMÉTRIO VALENTINI
(Bispo diocesano de Jales)
Membro da Pastoral Social da CNBB




A questão do aborto está sendo instrumentalizada para fins eleitorais. Esta situação precisa ser esclarecida e denunciada.
Está sendo usada uma questão que merece toda a atenção e isenção de âninom para ser bem situada e assumida com responsabilidade, e que não pode ficar exposta a manobras eleitorais, amparadas em sofismas enganadores.
Nesta campanha eleitoral está havendo uma dupla falácia, que precisa ser desmontada.
Em primeiro lugar, se invoca a autoridade da CNBB para posições que não são da entidade, nem contam com o apoio dela, mas se apresentam como se fossem manifestações oficiais da CNBB.
Em segundo lugar, se invoca uma causa de valor indiscutível e fundamental, como é a quesetão da vida, e se faz desta causa um instrumento para acusar de abortistas os adversários políticos, que assim passam a ser condenados como se estivessem contra a vida e a favor do aborto.
Concretamente, para deixar mais clara a falácia, e para urgir o seu desmonte: A Presidência da Regional Sul 1 da CNBB incorreu, no mínimo, em sério equívoco quando apoiou manifestação de comissões diocesanas, que sinalizavam claramente que não era para votar nos candidatos do PT, em especial na candidata DILMA.
Ora, os Bispos do Regional já tinham manifestado oficialmente sua posição diante do processo eleitoral. Por que a Presidência do Regional precisava dar apoio a um documento cujo teor evidentemente não correspondia à tradição de imparcialidade da CNBB? Esta atitude da Presidência do Regional Sul 1 compromete a credibilidade da CNBB, se não contar com urgente esclarecimento, que não foi feito ainda, alertando sobre o uso eleitoral que está sendo feito deste documento assinado pelos três bispos da presidência do Regional.
Esta falácia ainda está produzindo consequências. Pois no próprio dia das eleições foram distribuídos nas igrejas, ao arrepio da Lei Eleitoral, milhares de folhetos com a nota Regional Sul 1, como se fosse um texto patrocinado pela CNBB Nacional. E enquanto este equívoco não for desfeito, infelizmente a declaração da Presidência do Regional Sul 1 da CNBB continua à disposição da volúpia desonesta de quem a está explorando eleitoralmente. Prova deste faot lamentável é a fartura como está sendo impressa e distribuída.
Diante da gravidade deste fato, é bem vindo um esclarecedor prounciamento da Presidência Nacional da CNBB, que honrará a tradição e prudência e de imparcialidade da instituição.
A outra falácia é mais sutil, e mais perversa. Consiste em arvorar-se em defensores da vida, para acusar de abortistas os adversários políticos, para assim impugná-los como candidatos, alegando que não pode receber o voto dos católicos.
Usam de artifício, para fazerem de uma causa justa o pretexto de propaganda política contra seus adversários, e o que é pior, invocando para isto a fé cristã e a Igreja Católica.
Mas esta falácia não pára aí. Existe nela uma clara posição ideológica, traduzida em opção política reacionária. Nunca relacionam o aborto comas políticas sociais que precisam ser empreendidas em favor da vida.
Votam, sem constrangimento, no sistema que produz a morte, e se declaram em favor da vida.
Em nome da fé, julgam-se no direito de condenar todos os que discordam de suas opções políticas. Pretendem revestir de honestidade, uma manobra que não consegue esconder seu intento eleitoral.
Diante desta situação, são importantes, e necessários, os esclarecimentos. Mais importante ainda é a vigilância do eleitor, que tem todo o direito de saber das coisas, também aquelas tramadas com astúcia e malícia.


Fonte: www.jornaldejales.com.br
Edição nº 2.376 - 10 de outubro de 2010 p.1-02

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Carta aberta a Marina Silva



Marina,... você se pintou?
Maurício Abdalla [1]

Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.
Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?
Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.
Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.
Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.
Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.
“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.
Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.


[1] Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.