O relançamento de um álbum histórico é um sempre um bom motivo para
comemorar. Ainda mais se tratando de algo que estava fora de catálogo há
muito tempo e volta numa edição caprichada, com uma canção inédita
arrasadora. É o que ocorre com Barão Vermelho, lançado em 1982,
o primeiro trabalho da banda formada por Cazuza (voz), Roberto Frejat
(guitarra), Mauricio Barros (teclado), Guto Goffi (bateria) e Dé
(baixo).
Sorte e Azar é um blues. “Tudo é questão de obedecer ao
instinto/ Que o coração ensina a ter/ Correr o risco, apostar num sonho
de amor/ O resto é sorte e azar, é sorte e azar/ E se, por acaso, for
bom demais / É porque valeu.” A canção foi gravada pelos integrantes
originais da banda, a partir da base vocal deixada por Cazuza na época
da realização do álbum, e o resultado é surpreendente.
“O material é variadíssimo, indo do rock ao reggae e passando pelo
blues de forma cristalina. Um recardo jovem e certeiro costurado por
versos geniais que não mentem nunca”, dizia o produtor Ezequiel Neves,
na revista Som Três de julho de 1982. E estava coberto de razão, o que se pode comprovar ouvindo os hoje clássicos Todo Amor Que Houver Nessa Vida, Rock’n Geral e Down em Mim. Mas há outras faixas fantásticas, como a crônica da noite carioca Billy Negão, Ponto Fraco, Certo Dia na Cidade e Posando de Star:
Duas canções do álbum aparecem em versões diferentes, uma delas inédita – Nós e Por Aí (take alternativo). O encarte traz muitas fotos da época, algumas inéditas, e depoimentos de Léo Jaime e Guto Graça Mello.
“Tudo o que me empolgou em O Passo do Lui, Cabeça Dinossauro, Nós Vamos Invadir Sua Praia já
estava encapsulado no primeiro do Barão. Todo jovem que se move na
música hoje no Brasil deve muito mais a Cazuza, Frejat, Dé, Guto Goffi e
Maurício Barros do que pode imaginar”, declara Caetano Veloso.
Eis, portanto, a merecida volta de um álbum que marcou para sempre a
história do rock brasileiro. O mais surpreendente é saber também que ele
foi gravado em tempo recorde – 48 horas dividas em dois finais de
semana de maio de 1982, em total clima de festa e urgência. E que versos
certeiros como “Eu quero a sorte de um amor tranquilo/ Com sabor de
fruta mordida” ecoem para sempre.
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