Brasília - O governo brasileiro já providencia estoque de pele para
possíveis enxertos nas pessoas que tiveram queimaduras graves no
incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria (RS). Segundo o ministro da
Saúde, Alexandre Padilha, bancos de pele de todo o país e dos vizinhos
como a Argentina, o Peru e Uruguai já foram acionados para
disponibilizar material, caso seja necessário.
“Esse material não é utilizado no primeiro atendimento. Geralmente, ele
é usado até quatro dias depois, de acordo com a evolução do quadro, é
como uma cirurgia plástica. Aqui no Brasil, temos reserva nos bancos de
pele no Rio Grande do Sul, em São Paulo e Pernambuco. Tivemos contato
prévio com os da Argentina, do Uruguai e Peru, que serão trazidos para
cá se for necessário”, disse Padilha.
Segundo ele, cerca de 20% das vítimas do incêndio internadas nos
hospitais têm grandes queimaduras, que exigem cuidados mais delicados.
Apesar de eles representarem minoria, o ministro receia que algumas
pessoas que não estão necessitando da ajuda de aparelhos para respirar
possam ter o quadro clínico agravado nos próximos dias.
Durante a madrugada, 39 pacientes foram removidos para o centro de
referência no tratamento de queimados em Porto Alegre e outros devem
sair de Santa Maria para a capital gaúcha agora de manhã. O que o
governo quer é garantir reserva de vagas nas unidades de terapia
intensiva em Santa Maria.
“Temos uma boa estrutura de leitos de UTI [unidade de terapia
intensiva] na cidade, ontem havíamos removido os poucos pacientes que
tinham quadro de grandes queimados, mas queremos manter a possibilidade
de ter leitos vagos de retaguarda aqui em Santa Maria. Porque pode haver
a evolução de alguns pacientes internados e que não estão em ventilação
mecânica ainda, mas que podem evoluir”, avaliou Padilha.
O ministro alertou que existe um efeito tardio da fumaça inalada pelas
pessoas que estavam na boate. Segundo ele, essas pessoas podem não ter
apresentado sintomas no primeiro momento, mas podem se sentir mal em até
quatro dias. “É um quadro de tosse e falta de ar, que chamamos de
pneumonite química, que pode se desenvolver até três dias depois”,
explicou.
Ao todo, 121 pessoas estão internadas em quatro cidades do Rio Grande
do Sul. Desses, 80 estão em Santa Maria, onde mais 17 leitos de UTI já
estão prontos para atender os casos mais graves. O ministro disse não
ter notícias de novas mortes entre os feridos de ontem à noite até agora
de manhã.
Veja aqui a galeria de fotos.
Por Agência Brasil
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