segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Bienal da UNE começa com espetáculo gratuito sobre Gonzagão



O sanfoneiro Luiz Gonzaga é o grande homenageado da oitava edição da Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). O evento, que este ano será realizado no Recife (PE) e em Olinda, reúne e expõe a produção cultural e científica das universidades.

A abertura no dia 22 de janeiro fica por conta do musical “Gonzagão – A Lenda”, que será encenado a partir das 19h30 no Marco Zero, no bairro do Recife Antigo. A programação segue até 26 de janeiro. Serão apresentados 193 trabalhos de estudantes em diferentes áreas: ciência e tecnologia, teatro, música, artes plásticas e projetos de extensão. Estão previstas várias apresentações musicais e teatrais, além de oficinas, debates e palestras.

Estima-se que, diariamente, 10 mil pessoas circularão pelas atividades. Segundo a organização, está garantida a presença de delegações de todos os estados, o que deve promover um intenso intercâmbio cultural. "É uma oportunidade para que o Brasil conheça o Brasil, o que mexe com a ansiedade de muitos participantes. Há estudantes do Acre que encaram quatro dias de viagem. No Amazonas, onde o acesso por terra é mais complicado, muitos irão de avião, o que tem um custo significativo. Mas o esforço vale", destaca Maria das Neves, diretora de cultura da UNE.

Além de Luiz Gonzaga, foram escolhidos outros homenageados para cada uma das áreas que estarão representadas no evento. Patativa do Assaré foi o nome escolhido para a literatura, J.Borges para as artes visuais, Ariano Suassuna para as artes cênicas, Jackson do Pandeiro para a música, Gilberto Freyre para a Ciência e Tecnologia e Josué de Castro para os projetos de extensão.

A estudante carioca Elis de Aquino é uma das expositoras da bienal. Aluna da 7º semestre no curso de jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ela vai apresentar um projeto de extensão desenvolvido pela instituição que criou um jornal comunitário na Cidade de Deus. “A extensão é o primo pobre da universidade, em geral se valoriza muito a pesquisa. A extensão é importante também porque leva a universidade para fora. Espero que mostrando o nosso trabalho a gente possa incentivar outras pessoas”, conta Elis.

Outro destaque da programação é a "culturata", uma passeata marcada por intervenções culturais. No percurso, apresentações musicais e teatrais de várias regiões serão mescladas com os tradicionais discursos e palavras de ordem. A manifestação levará para as ruas algumas reivindicações do movimento cultural, além das bandeiras mais atuais da UNE. "Nós temos a avaliação de que, no último período, tivemos boas notícias como a transformação do Programa Cultura Viva em lei e a aprovação do Vale Cultura. São iniciativa que contribuem para o desenvolvimento cultural de nosso país valorizando a produção nacional. Mas precisamos ir além", ressalta Maria das Neves.

A Volta da Asa Branca

O tema desta edição da bienal é a "A volta da Asa Branca", uma homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga, e também uma referência ao contexto social que vive atualmente o povo nordestino. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam o Nordeste como a região com maior retorno de migrantes nos últimos anos. Maria lembra que, na mais famosa música de Luiz Gonzaga, a Asa Branca deixa o Nordeste devido às dificuldades do sertão. Assim, "a volta da Asa Branca" significaria a volta destes imigrantes num momento de melhores perspectivas.

Este movimento de retorno está representado na figura de Luiz Gonzaga. "Trata-se de um personagem que cumpriu um importante papel social, político e cultural na história de nosso país. Ele foi o porta-voz do Nordeste e das mazelas da região e, ao mesmo tempo, conseguiu contagiar o Brasil com a sua alegria. Ele representa um povo que, apesar de transitar pelo país, não abre mão de sua terra", analisa.


Por EBC

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