O sócio da boate Kiss Mauro Hoffmann se entrou à polícia na tarde desta
segunda-feira (28). Ele chegou por volta das 15h no 1º DP (Distrito
Policial) de Santa Maria (RS) e não falou com a imprensa.
Ele estava sendo procurado desde manhã pela polícia, após o incêndio
que deixou ao menos 231 pessoas mortas na casa noturna. Além dele, já
estão presos outro sócio da boate e dois integrantes da banda que tocava
quando o fogo começou. Segundo o delegado Sandro Meinerz, um dos
responsáveis pelo caso, as prisões devem facilitar as investigações.
— Três pessoas já estão presas temporariamente, já estão na delegacia
pra prestar esclarecimentos, a fim de viabilizar e facilitar o trabalho
da investigação que está sendo realizada.
Os pedidos de prisão, de caráter temporário de cinco dias, foram decretados pelo juiz Regis Adil Bertolin.
Ao menos 20 pessoas já foram ouvidas na delegacia. Na manhã desta
segunda-feira, a polícia ainda fazia perícia no local, segundo o
delegado.
— Os peritos começaram os trabalhos no dia de ontem e estão
prosseguindo no dia de hoje. É um trabalho incessante para analisar
exatamente várias questões que precisam ser esclarecidas como o local
onde começou o incêndio, se é confirmável a versão que as testemunhas
estão apresentando que foi produzido por instrumento pirotécnico
utilizado pelos músicos do local e nós ainda vamos verificar a questão
da segurança do local.
O equipamento que fazia imagens internas da boate sumiu, segundo o delegado.
Os corpos das vítimas começaram a ser enterrados na manhã desta segunda-feira (28). Ao todo, 34 serão sepultados no cemitério municipal e 23 no cemitério Santa Rita.
Ao menos 231 morreram no incêndio que atingiu a casa noturna Kiss, na
madrugada deste domingo (27). A lista com os nomes das vítimas foi
divulgada na noite de ontem pelo governo do Estado. A maior parte das
vítimas era jovem e estudante. Quase metade das vítimas estudava na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria).
Fatalidade
A boate Kiss, por meio de seus advogados, divulgou uma nova nota sobre a tragédia. A direção da empresa afirma que o que aconteceu na casa noturna foi uma "fatalidade".
O texto diz ainda que a "situação da empresa se encontra regular,
contando com todos os equipamentos previsíveis e necessários para o
sistema de proteção e combate contra o incêndio". Os advogados informam
também que a direção do estabelecimento está à disposição das
autoridades. A nota foi divulgada pelo escritório de advocacia Kümmel
& Kümmel, que representa a boate.
Incêndio
O incêndio dentro da boate Kiss no centro de Santa Maria, cidade a 290
km da capital, Porto Alegre, aconteceu na madrugada deste domingo (27),
durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira. Segundo
testemunhas, durante o show foi utilizado um sinalizador — uma espécie
de fogo de artifício chamado "sputnik" — que ao ser lançado atingiu a
espuma do isolamento acústico, no teto da boate. O fogo se espalhou em
poucos minutos.
A casa noturna estava cheia na hora que o fogo começou. Cerca de mil
pessoas estariam no local. O incêndio provocou pânico e muitas pessoas
não conseguiram acessar a saída de emergência. Os donos não tinham qualquer autorização do Corpo de Bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da boate estava vencido desde agosto de 2012, afirmou o Corpo de Bombeiros.
Ao entrar na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, para socorrer as vítimas do incêndio ocorrido na madrugada deste domingo (27), os bombeiros se depararam com uma barreira de corpos.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo, descreveu a situação.
— Os soldados tiveram que abrir caminho no meio dos corpos para tentar chegar às pessoas que ainda estavam agonizando.
Fonte: R7.COM