Pela primeira vez os jogadores do Corinthians
se pronunciaram a respeito da invasão ao centro de treinamento no
último sábado. E foram muito mais duros do que a própria diretoria. Em
nota oficial, o elenco atacou e rompeu com as organizadas. Os atletas se
disseram fartos de atos de violência e chamaram esses torcedores de
marginais, além de defenderem greve na rodada do fim de semana do Campeonato Paulista.
"Estamos fartos com a irracionalidade e com os atos de violência
impunes. As cenas grotescas vividas neste último sábado por nós
jogadores e por todos os funcionários do Corinthians determinam que uma
tragédia sem precedentes está prestes a ocorrer no ambiente de trabalho
de qualquer clube de futebol profissional no País e nós não seremos
coniventes com isso", informou o comunicado.
No sábado, mais de cem torcedores ligados a organizadas invadiram o
CT Joaquim Grava pela manhã, no horário do treino. Eles agrediram e
roubaram funcionários do clube. Um grupo chegou a agredir o atacante
Paolo Guerrero. Os jogadores tiveram de se esconder por pelo menos três
horas em outro prédio dentro do próprio CT.
"Naquele momento, tememos pela integridade física (dos jogadores),
foi algo muito forte, fora de controle. Se tivesse qualquer tipo de
confronto, teria acontecido algo pior", afirmou o técnico Mano Menezes.
Para os jogadores, cenas como as que aconteceram no sábado são comuns
no futebol brasileiro. Segundo eles, é preciso dar um basta. "Sabemos
que esta não é a primeira, mas deveria ser a última vez que marginais
ligados às torcidas organizadas invadam propriedade privada, agridam
jogadores e funcionários do clube e os ameacem com armas", diz o
manifesto.
Integrantes da comissão técnica e funcionários do Corinthians que
estiveram no CT durante a invasão relatam que os torcedores, alguns
deles alcoolizados, portavam paus, bambus e até estiletes. Alguns usavam
máscaras e queriam conversar com líderes do elenco.
PROVASAs imagens da invasão foram captadas por
32 câmeras instaladas no CT. Algumas pararam de funcionar logo após a
entrada dos torcedores. Segundo o clube, o motivo de essas câmeras não
terem funcionado será apurado internamente.
Mesmo assim, o Corinthians garante que tem material suficiente para
identificar os torcedores que invadiram o CT. O presidente Mário Gobbi
preparou dois dossiês completos, com textos, imagens e vídeos da
invasão. Um deles será entregue à polícia nesta quarta às 11h, na
Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. À tarde, às 16h, o
dirigente vai entregar o mesmo documento ao Ministério Público.
Segundo o diretor de futebol Ronaldo Ximenes, funcionários do clube,
membros da comissão técnica e até Guerrero devem prestar depoimento com a
finalidade de identificar os torcedores.
"Quem invadiu praticou ato de vandalismo, atos criminosos, furto,
lesão corporal. Não cabe outro nome a não a ser marginal. Só que a
torcida é muito maior do que os 200 que vieram", disse Ximenes, que
estava no CT no momento da invasão.
O clube manteve um número maior de seguranças no centro de
treinamento, em especial no estacionamento da imprensa, por onde
entraram os torcedores organizados.
Fonte: Estadão
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