quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Jogadores do Corinthians dizem que 'vida vale mais do que um contrato'



Pela primeira vez os jogadores do Corinthians se pronunciaram a respeito da invasão ao centro de treinamento no último sábado. E foram muito mais duros do que a própria diretoria. Em nota oficial, o elenco atacou e rompeu com as organizadas. Os atletas se disseram fartos de atos de violência e chamaram esses torcedores de marginais, além de defenderem greve na rodada do fim de semana do Campeonato Paulista.

"Estamos fartos com a irracionalidade e com os atos de violência impunes. As cenas grotescas vividas neste último sábado por nós jogadores e por todos os funcionários do Corinthians determinam que uma tragédia sem precedentes está prestes a ocorrer no ambiente de trabalho de qualquer clube de futebol profissional no País e nós não seremos coniventes com isso", informou o comunicado.

No sábado, mais de cem torcedores ligados a organizadas invadiram o CT Joaquim Grava pela manhã, no horário do treino. Eles agrediram e roubaram funcionários do clube. Um grupo chegou a agredir o atacante Paolo Guerrero. Os jogadores tiveram de se esconder por pelo menos três horas em outro prédio dentro do próprio CT.
"Naquele momento, tememos pela integridade física (dos jogadores), foi algo muito forte, fora de controle. Se tivesse qualquer tipo de confronto, teria acontecido algo pior", afirmou o técnico Mano Menezes.
Para os jogadores, cenas como as que aconteceram no sábado são comuns no futebol brasileiro. Segundo eles, é preciso dar um basta. "Sabemos que esta não é a primeira, mas deveria ser a última vez que marginais ligados às torcidas organizadas invadam propriedade privada, agridam jogadores e funcionários do clube e os ameacem com armas", diz o manifesto.

Integrantes da comissão técnica e funcionários do Corinthians que estiveram no CT durante a invasão relatam que os torcedores, alguns deles alcoolizados, portavam paus, bambus e até estiletes. Alguns usavam máscaras e queriam conversar com líderes do elenco.

PROVASAs imagens da invasão foram captadas por 32 câmeras instaladas no CT. Algumas pararam de funcionar logo após a entrada dos torcedores. Segundo o clube, o motivo de essas câmeras não terem funcionado será apurado internamente.

Mesmo assim, o Corinthians garante que tem material suficiente para identificar os torcedores que invadiram o CT. O presidente Mário Gobbi preparou dois dossiês completos, com textos, imagens e vídeos da invasão. Um deles será entregue à polícia nesta quarta às 11h, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. À tarde, às 16h, o dirigente vai entregar o mesmo documento ao Ministério Público.

Segundo o diretor de futebol Ronaldo Ximenes, funcionários do clube, membros da comissão técnica e até Guerrero devem prestar depoimento com a finalidade de identificar os torcedores.

"Quem invadiu praticou ato de vandalismo, atos criminosos, furto, lesão corporal. Não cabe outro nome a não a ser marginal. Só que a torcida é muito maior do que os 200 que vieram", disse Ximenes, que estava no CT no momento da invasão.

O clube manteve um número maior de seguranças no centro de treinamento, em especial no estacionamento da imprensa, por onde entraram os torcedores organizados.


Fonte: Estadão

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