quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Padilha: Escolas vão vacinar meninas de 11 a 13 anos contra HPV a partir de 10 de março


São Paulo – A primeira campanha de vacinação gratuita contra o vírus do HPV, que começa em 10 de março, vai contar com o apoio de escolas públicas e privadas de todo o país. Além de participarem de campanhas de esclarecimento sobre a importância da imunização contra uma família de vírus responsável por mais de 70% dos casos de câncer de colo de útero, um dos mais comuns e letais no Brasil, as unidades de ensino vão receber as equipes das secretarias municipais de Saúde responsáveis pela vacinação.
“A mobilização das escolas é importante para aumentar a cobertura vacinal. Adiantamos o calendário para o começo do ano letivo para que haja tempo para a sensibilização da comunidade e dos pais, que devem autorizar a aplicação da vacina”, disse o ministro, durante anúncio da estratégia de imunização contra o HPV na manhã de hoje (22), em Brasília. Padilha lembrou que desde o final dos anos 1970 as escolas não eram incluídas em campanhas como essa.
Neste ano serão vacinadas meninas de 11 a 13 anos. Em 2015, as de 9 e 10 anos. Cada uma delas receberá três doses, sendo a segunda aplicada seis meses depois da primeira. A terceira, para prolongar o efeito protetor, é dada cinco anos depois da primeira dose. De acordo com o Ministério da Saúde, a estratégia segue recomendação da Organização Pan Americana de Saúde (Opas), que se baseia em estudos científicos que comprovam maior resposta imunológica e maior proteção contra o vírus. O objetivo é vacinar 80% desse público.

"Segundo estudos a eficácia da imunização é maior antes do início da atividade sexual. E nessa faixa etária a média das meninas brasileiras ainda não teve contato sexual. Combinando isso com a maior cobertura que teremos com a vacinação nas escolas, conseguiremos reduzir a infecção pelo HPV, inclusive nos homens, e, no futuro, diminuir a incidência de câncer de colo de útero e mortalidade", ressaltou Padilha.

A aplicação de todas as doses da vacinação será monitorada pelo Ministério da Saúde, que implementará ações de busca ativa de meninas que deixarem de comparecer para tomar a segunda e terceira doses. Haverá ainda avaliação do impacto da vacinação na redução da infecção pelo HPV, na incidência do câncer de colo uterino e na mortalidade pela doença.

Cada prefeitura vai definir e anunciar o calendário de vacinação, que será mantida também nos postos de saúde. Nas clínicas particulares, as três doses da vacina custam em média R$ 1 mil.

A divulgação da campanha contará com cartilhas, folders e um filme que será veiculado na TV, cuja mensagem principal é que, apesar de cada menina ter seu jeito diferente, todas têm em comum a necessidade de proteção contra o câncer de colo de útero.

Família HPV A vacina que passa a integrar o Programa Nacional de Imunizações é a quadrivalente, que assegura eficácia contra quatro tipos de vírus da família HPV (6, 11, 16 e 18). São os de número 16 e 18 os causadores de lesões cancerígenas, aos quais estão associados mais de 70% dos casos de câncer de colo uterino.

Terceiro tumor mais comum entre as mulheres brasileiras, causou a morte de 5.160 mulheres no Brasil em 2011. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), todo ano surgem 17.540 novos casos da doença no país, a maioria nas regiões Norte e Nordeste e em localidades mais pobres dos centros mais ricos. Em todo o mundo, a doença causa 270 mil mortes.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), em todo o mundo 291 milhões de mulheres são portadoras de algum sorotipo do vírus, sendo que 32% delas com os tipos 16, 18 ou os dois ao mesmo tempo.

Mais tecnologia

O imunizante é produzido pelo Instituto Butantan, vinculado ao governo estadual paulista, por meio de um acordo de transferência de tecnologia com o laboratório norte-americano Merck Sharp & Dohme e o Ministério da Saúde. Na primeira etapa, quando será produzido imunizante quadrivalente, que protege contra quatro tipos do HPV, o faturamento do instituto será quase que triplicado em cinco anos, passando de R$ 348 milhões em 2013 para R$ 1 bilhão em 2018 – valor correspondente a 36 milhões de doses.

Atualmente o instituto fornece vacinas contra hepatite B, raiva, difteria, tétano e pertucis, além de soros contra venenos de aranhas e escorpiões, tétano e botulismo, entre outros, mas o portfólio está defasado, segundo o Ministério da Saúde. Com o salto tecnológico da parceria, poderá passar a produzir, a médio prazo, vacinas capazes de combater, ao mesmo tempo, muito mais tipos de vírus da família HPV, conferindo ainda mais proteção.

Outros benefícios do acordo são o desenvolvimento da pesquisa no país, a geração de empregos, a menor dependência em relação a laboratórios estrangeiros, bem como a vulnerabilidade do SUS, que necessita de imunizantes e medicamentos a preços menores. Além disso, só em 2014 o Brasil deverá economizar cerca de R$ 78 milhões com vacina. Ao todo, em cinco anos, o SUS economizará R$ 319 milhões. O custo de cada dose é de R$ 30 – o menor já praticado no mercado. O valor é 15% menor que o praticado pelo Fundo Rotatório da Opas, que compra em grandes quantidades para atender seus países-membros.

Fonte: RedeBrasilAtual

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