Quem quiser tirar a carteira nacional de habilitação (CNH) a partir de
agora terá de passar por cinco aulas em um simulador de direção
instalado nas autoescolas. A nova regra, que começou a valer nesta
quarta-feira no País, vai elevar em até 20% o valor gasto na emissão do
documento. Antes da mudança, o interessado em obter a permissão para
dirigir tinha de desembolsar, em média, R$ 1,2 mil, segundo a Federação
Nacional das Autoescolas (Feneauto). Com a alteração, esse valor subirá
até R$ 250.
Definida por resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a
norma é válida apenas para a categoria B (habilitação para automóvel).
As aulas, de 30 minutos cada, devem ser feitas obrigatoriamente antes
do início da parte prática. As atividades no simulador não diminuem o
número mínimo de aulas práticas exigidas: 20 aulas de 50 minutos.
As aulas simuladas também não têm caráter eliminatório. "O Detran
recebe um relatório com os resultados do aluno, mas não há uma
avaliação. A ideia do simulador é permitir que o estudante se
familiarize com situações de risco", diz Silvio Luiz de Oliveira,
diretor de ensino da Autoescola Veja, uma das que já têm o equipamento.
A cada aula, o aluno vê o nível de dificuldade aumentar. A simulação
começa com conceitos básicos e vai incorporando situações de
adversidade, como trafegar em vias de grande movimento, em pista
escorregadia ou sob neblina intensa.
"É bem parecido com a realidade, a estrutura é idêntica à do carro.
Acho que ajuda o aluno a ter mais noção antes de ir para o trânsito
real", diz a aluna Joyce Lemos, de 27 anos.
Para Dirceu Rodrigues Alves Júnior, diretor da Associação Brasileira
de Medicina de Tráfego (Abramet), a inclusão de aulas simuladas ajuda a
suprir uma carência na formação dos condutores. "Os cursos existentes
são insuficientes, porque só ensinam o que é necessário para a prova
prática. O aluno não tem contato com os riscos que vai encontrar no dia a
dia, e o simulador pode ajudar nisso."
Apesar de a regra já estar em vigor, muitas autoescolas e Detrans não
se prepararam para a mudança. "Algumas autoescolas não compraram as
máquinas achando que a lei não ia pegar, e muitos Detrans não adequaram
seus sistemas", diz Magnelson Carlos de Souza, presidente da Feneauto.
Demanda. A prática provocou uma demanda maior no fim
do ano para a instalação dos aparelhos e sobrecarregou as quatro
empresas habilitadas para fornecer os equipamentos. Muitos CFCs ainda
aguardam a chegada do simulador. Segundo as empresas fornecedoras, os
prazos estão sendo cumpridos.
O custo médio de um aparelho é de R$ 40 mil, mas é possível obter o
simulador por comodato. Em todos os casos, o custo é repassado para o
consumidor. As autoescolas não são obrigadas a ter a máquina e podem
dividir o equipamento com outras empresas. A manutenção varia de
mensalidades de R$ 750 a R$ 1.750 ou taxas de R$ 4 a R$ 15 por aula.
Com esse custo, as autoescolas preveem que o preço médio da aula
simulada seja de R$ 40, acima do que é pago pela prática, entre R$ 30 e
R$ 35.
Fonte: Estadão
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